NÚ E SEM VERGONHA
Desde que vi a tal da cegonha
Fui logo perdendo a vergonha
E agora não há quem a reponha
E nem venha dizer que é manha
Sei que é um jeito meio medonho
Mas quando penso nela me assanho
Fico nu em pêlo, num fogo estranho
Com vontade que parece até sanha
E até tapo minha nudez com a fronha
Travesseiro pelado... Parece tristonho
Barraca armada pula e tudo arranha
E o diabo assopra pra tocar uma bronha
Aí vislumbro você nua em meu sonho
Pele com pele roçando apressadinhos
Beijos e mais beijos... Tão docinhos
Percebo você toda quente e molhadinha
A chamar oferecendo a delicada xaninha
Com numa chuvarada dos seus carinhos
E você me alisando leve e devagarzinho
Depois vem dormir comigo de conchinha
E vai recomeçar tudo... De manhãzinha.
Hildebrando Menezes