Contradito
A quem referem-se meus versos sou ignotamente versado
Cantando confuso e desleixado meus saberes, sem passado.
Pois não canto com mais clareza ou desvelo meu devaneio:
Não sou pleno em minha totalidade, estou no meio...
Tanto que meu toque frio, gelado, é a menor das sensações.
Meu calor íntimo, explicitado, é a maior das emoções.
Sou mentiroso verdadeiro em minha mentira, sou honesto!
Sou probo falso em minha verdade, sou injusto...
Roubo minha lavra, que fica incompleta: ladrão que não é culpado.
Devolvo meus ensaios, que me completam: justiceiro que é desonrado.
Perco-me em meus ataques convulsivos e/ou de esperneio
E encontro-me em minha defesa centrada, sem rodeio.
Não desconheço os motivos de todas as loucuras ou razões
Mas fico excluso em relação ao meu destino e às minhas inspirações
Que não sei como recuperar minh’alma – inocência-: sou funesto.
Não sei como abandonar minha mente: sempre me ajusto, mas contesto.