Entrementes, uma Fênix entredentes

Em hora impudente e tardia, enfeitando de rubro o quente entardecer,

Irrompe estranho e ardente solfejo, pele macia a revolver-se em arpejos,

Fênix a ressurgir em túmido céu, vulcão entredentes, lava ardente, irrefreados desejos.

Mitos a derruir como gravetos, a tatuar como espetos, beijos-espinhos povoando o anoitecer.

Anjos quedam-se em ingênuo espanto: Deusa, em êxtase, sagrando espada, cavaleiro a despir-se do manto

Degustando sabor proibido em bocas-altares vorazes, línguas travando combate renhido.

Corpos-taças em fogo brindam, rompendo tréguas, tratados, invadindo insanos, oceanos não permitidos.

Amores inquietos, febris, mãos indiscretas procuram, tateiam; encontram, seguram – varam a noite em encanto.

Versos traduzem em impossíveis palavras, momentos indescritíveis, plenos; olhares sutis, nada serenos, pejados de emoção.

Viajores de estranhos portais, deuses em vestes mortais, notas de sinfonia secreta, misturados num só coração.

Siameses amantes afastados, em utópicos hiatos-momentos entrelaçados, partes da letra de esquecida canção

Cantada por menestrel renegado, guardião de nossos beijos roubados, provedor inconteste, eterno escanção...

...de tardes primaveris, de vidas outonais que refutam o inverno encetando galopes-verão.

A mulher, com o passar dos anos, torna-se ainda mais doce, apurando, como o bom vinho, ainda mais o seu sabor. Hoje, mais avançado em anos, perfilho-me ao lado de Balzac, em sua famosa assertiva: a mulher, acima dos trinta anos, é incomparável.

Vale do Paraíba do Sul noite do último Sábado de Outubro de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 25/10/2009
Reeditado em 12/11/2009
Código do texto: T1885511
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