O Cupim...

Não era só escrever

Um poema

Era mais, muito mais.

Era criar um poema

Algo vivo em movimento

Que a cada leitura

Fizesse o leitor descobrir

Sempre algo novo

Algo mais do que antes

Havia lido e não percebido

A cada leitura

Uma nova interpretação

Um novo olhar

Para o mesmo poema

Era difícil, mas, não devia.

Parecer difícil tê-lo feito

Deveria parecer natural

Apesar da sofisticação

Na escolha minuciosa

Das palavras empregadas

Das palavras a serviço

Do poema em questão

Mas, as palavras.

Não estão a serviço do poema

As palavras são o corpo

Do poema elas são o poema

Em movimento

Sem se esperar

O cupim

Atravessa

A parede

Do mosteiro

Come o caixão

Da freira

Come a freira morta

Mata a história

Devora o poema

A Freira

E o Caixão

O cupim

É foda

ABittar

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