Pipocas
Eu quero roubar os poemas do mundo
Vou saltar janelas
Pra assaltar as flores
E compor com elas
Ramalhetes de amores
E fazer um poema
De pétalas coloridas
Pra esquecer dessa gente que luta, dessa gente sofrida
Eu quero roubar os poemas do mundo
Furtiva, escondida, devagarinho
Chego logo de mansinho
No silêncio da alvorada
Fico até de madrugada
Espiando quem se ama
Pra roubar seus sussurros, seus urros
Cair os muros
E construir em cenas vibrantes
Historias de ouro dos amantes
Eu quero roubar os poemas do mundo
Porque cada poeta vem aqui e conta
Conta pedaços de minha alma
E eu nervoso grito ...ei poeta, como pode isso ?
Ele responde: calma !
Eu quero roubar os poetas do mundo
Pra coloca-los dentro de mim
Porque cada poeta é fruta madura
Ou coisa assim
Eu quero entrar no coração de cada poeta
Invadir, pilhar, catar tudo e depois sorrir
Mas na minha vida não tem espaço pra tanta poesia
Porque os poetas são loucos
Desvairados
E eu, aqui, no meio da praça
sou apenas um vendedor de pipocas
Que vive a olhar as moças de rabo de olho
Apaixonado...