Pipocas

Eu quero roubar os poemas do mundo

Vou saltar janelas

Pra assaltar as flores

E compor com elas

Ramalhetes de amores

E fazer um poema

De pétalas coloridas

Pra esquecer dessa gente que luta, dessa gente sofrida

Eu quero roubar os poemas do mundo

Furtiva, escondida, devagarinho

Chego logo de mansinho

No silêncio da alvorada

Fico até de madrugada

Espiando quem se ama

Pra roubar seus sussurros, seus urros

Cair os muros

E construir em cenas vibrantes

Historias de ouro dos amantes

Eu quero roubar os poemas do mundo

Porque cada poeta vem aqui e conta

Conta pedaços de minha alma

E eu nervoso grito ...ei poeta, como pode isso ?

Ele responde: calma !

Eu quero roubar os poetas do mundo

Pra coloca-los dentro de mim

Porque cada poeta é fruta madura

Ou coisa assim

Eu quero entrar no coração de cada poeta

Invadir, pilhar, catar tudo e depois sorrir

Mas na minha vida não tem espaço pra tanta poesia

Porque os poetas são loucos

Desvairados

E eu, aqui, no meio da praça

sou apenas um vendedor de pipocas

Que vive a olhar as moças de rabo de olho

Apaixonado...

Adriana Alves (Poetisa Lancinante)
Enviado por Adriana Alves (Poetisa Lancinante) em 15/10/2009
Código do texto: T1867289
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