Humanos, denasiado humanos...
Não retornarei a cantos líricos ou apaixonados!
(A menos que de veras sinta o que escrever)
Não cantarei paisagens e campos nunca vistos
Nem cuidarei de cordeiros ao som da flauta
Nem aos braços de quem nunca tive,
Nem aos beijos de lábios que nunca me tocaram!
Não cantarei as desgraças previstas
Nem alertarei as almas para o juízo final
Não lançarei cinzas de meu corpo às águas
Ou proclamarei minha santidade numa montanha...
Não duvidarei de tudo que nego aos homens
Pois vivo o que tenho, não o que afirmo
E, de tudo que me falta, sobram dúvidas
Dívidas que se acalentam no peito
E que seguem companheiras para o além-túmulo,
Onde minha consciência faz delas verdade
Não cantarei aos sábios ou aos loucos
Pois todos somos ambos e o oposto deles: humanos.