Águas

Eu era um rio distante das monções

Evaporando ao sol de verão

Com minhas margens úmidas fui de atrair

Banhar os corpos, saciar as sedes

Compor com as árvores das planícies

Encharcar os córregos...

Sem ter como permanecer na calma da estação

Chegara à época das chuvas caírem

E me fazerem maior do que o leito

Arrasar, irredutível, a todos

A quem supri e embalei no peito

Mudei as cores, agora, tão turvas

Não respeitei o território amigo

Eu só queria passar com minhas águas

Mágoas do tempo que levo comigo

Lavar destroços que causei tão louco

Levar minha própria ira no meu corpo

Depois, aos poucos, retornar culpado

Expondo o prado a que reduzi tudo

Tentar esquecer o barulho encrespado

E entristecido agora fico mudo