No meio...
No meio
Do meu pensamento
Aquela voz
Irrita-me
Interrompe
Meu raciocínio
Faz-me parar
De escrever
Faz-me
Tentar recomeçar
De onde parei
E sem nada resolver
Vai embora
Deixando-me
Sem saber bem
O que escrever
Paro
Releio
O que escrevi
Até aqui
E agora sim
Vamos continuar
Já que o tempo
Que tenho
É suficiente
Para um poema
Do cotidiano
De um jovem suburbano
Que tenta
Aos trancos e barrancos
Um poema escrever
Sem saber bem
Mais uma vez
A voz interrompe
E assim não dá
Acho melhor parar
Mas parar é
Perder o tema
Desistir
De ir além
Deixar que outros
Interrompam
O que tão bem começou
E então
Paro ou sigo
Luto ou desisto
No meio do meu pensamento
De longe surge algo
Que vem vindo
E cantando vem
Ninguém sabe
A força
Que um poema tem
Ninguém sabe
A força
Que um poema tem
Quem não arrisca
Não petisca
Quem sabe faz
Quem não sabe desiste
Então não vamos ficar triste
Só porque
Uma voz
Veio atrapalhar
O poema se faz
Por si só
Basta apenas digitar
As palavras
Que vão surgindo
Na ponta dos dedos
Indo para o teclado
E depois
Para a tela
E o poema
Vai seguindo
Seu destino
Seu caminho
Rumo a posteridade
Sem atingir
A maioridade
Mas é assim
Que ele é
ABittar
poetadosgrilos