Monólogo da Paixão


Vai pensando...
que eu sou santa,
que em mim só há doçura,
que meu sorriso é franco
que não guardo sombras ou desenganos,
que visto branco.

Vai pensando...
que vou estar a disposição
quando resolveres entregar teu coração...
Que sou boba
por fingir não perceber suas intenções
que em mim não há limitações


Vai pensando...
achando que sou seu brinquedo
em que me reviras pelo avesso
me preenche de feridas e me tomas em solidão
Se pensas assim... se enganas então.

Vai pensando...
pois em mim existe o santo e o profano,
sou o mel e o fel
fragilidade e fortaleza
amor e ódio... equilíbrio da natureza!

Se pensas que sou sua...
Não te enganes!
Sou do mundo, da vida
sem freios, sem paradigmas
dos olhos a preferida
Sou assim...
Um não e um sim,
mistério e retrocesso
coerência sem nexo

Vai pensando...mas não enganes seus pensamentos
posso ser seu pior tormento
em mim podes não encontrar alento
Sou um tudo que do nada veio
do passado já lhe conheço
sei de seus segredos e receios.

Se queres mesmo me ter, jamais tente me entender!
Se jogue no abismo que ofereço...sem medo
que em troca te dou meus beijos
e voaremos nas asas da liberdade
sobrevoando a serenidade...rumo certo a felicidade

Não pense! Pois profundamente não me conhece!
Sou a paixão!
Devassa e sem razão...uma contradição!
Você é apenas escravo de minha inquietação.


****Este texto é um monólogo da paixão, ela dissertando sobre ela mesma, seus efeitos e causas, definindo-se em toda a sua própria contradição.
A paixão como sabemos pode ser algo bom ou ruim depende por quem dedicamos este sentimento, podendo fazer de nossas vidas felicidade ou tormento.****



Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 27/09/2009
Reeditado em 28/09/2009
Código do texto: T1835134
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