SEM RIMA 70.- ... feminina ...

Não sei por que nem por que não,

mas veio-me à mente

uma imagem atormentada

da Galiza, repetida pelo tormentoso

escritor, espanhol radical embora basco,

Miguel de Unamuno y Jugo, dolorosos reitor

da Universidade de Salamanca, que tantos professores

portugueses, lá, nos tempos em que a célebre

era a universidade pontifícia...

Eis a imagem: "A Galiza é feminina", sim,

mas é que "A paisagem galega é feminina",

"A Galiza possui paisagem feminina", assevera

ou deveria dizer que "a paisagem feminina possui a Galiza intensamente".

Apesar do seu canto (de Unamuno) à castidade,

sobre a Galiza permite-se fantasiar quase ousado:

Diz que a água acabou fazendo

com que a paisagem galega tenha contornos

ondulantes e sinuosos «como de senos y caderas

mujeriles»... E ainda: os frondosos bosques

de castanheiros e pinheiros e carvalhos e ulmeiros

parecem-se com «frondosa cabellera» feminina...

Ah, os escritores viris da geração mais espanhola,

radicalmente nacionalista... Cedem, humildes,

perante a sedutora e misteriosa mensagem

da mãe e mestra da Lusofonia toda... Pobrinhos!

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«Abundan las personificaciones de la Naturaleza, vista por Unamuno

a través de un subjetivismo acusado, de tal forma que parece como si la «humanizase». Así, el agua «es la conciencia del paisaje», y la del río es «conciencia viviente, conciencia movediza»; Galicia posee un «paisaje femenino», que acaricia, adormece; el agua secular desgastando y puliendo

el terreno le ha dado contornos ondulantes y sinuosos «como de senos y caderas mujeriles»; los frondosos bosques de castaños, pinos,

robles, olmos y otros más, son «como frondosa cabellera...»; es un paisaje habitable que seduce como un nido incubador de «morriñas y saudades». Palmita Arnáiz Amigo (1971) "España en los libros de viajes de Unamuno".