SEM RIMA 62.- ... loucura ...

Leio, no poema de Kathleen «Costela de Adão»,

«Esparramo-me

»num repente de loucura

»sobre meu próprio corpo,

»no meu desejo de mulher,

»sem esperar licença...»

E sinto que os anelos me envolvem como aneis

de loucura, assisada loucura, que arreiga no corpo

próprio e acaso nalgum alheio,

nem sei se próximo:

Talvez o desejo seja sombra perseguida...

prosseguida...

como perdida

a escoar por entre os dedos palpitantes...

(quebrei o propósito desta série e rimei até três versos, que não corrijo:

deixo-os e continuo)

Foi a Lua, a Lua louca que me torna sumido no siso,

no senso...

(Extraviei não sei, nalgum lugar, o sexo... Ou talvez

num tempo que nem sei se existe...

Portanto posso proclamar-se anjo em carne e desejos:

Acabemos! Tudo é mistério desvendado... Tudo... Tudo...)