SEM RIMA 58.- ... cripta ...

Ave em sombra?

Carne intensa?

Balbuciante cio?

Tatuagem na lascívia?

Não sei poetar louco: Nem mastigar sementes do ser,

embora o ser seja conformado à maneira do humano:

Aproximei-me da taça sedenta

e cores bebi como bêbado sem tino:

Salomão, o rei devasso nas infindas mulheres,

ficou longe.

Eu apenas continuo a mastigar

sementes virtuais, só virtuais: Só fico num deserto submetido,

como cripta catedralesca

extraviada nos séculos

obnubilados da razão,

ou só da sem-razão triste

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

NOTA.- Li o poema de ROSA DO DESERTO, intitulado «Criptografando o amor», e senti a necessidade de o comentar livremente, também em verso livre ou libertino.

Começa assim o poema: «Em mia boca falo doce murmúrio,

assombrando, espantando tua sombra,

embriagando-te de gozo...»

É publicado no Recanto das Letras em 21/09/2009.- Código do texto: T1822830