MORDAÇA
Retira-me esta mordaça
Que me tolhe e rechaça
Sentimentos adversos.
Que cria em mim este vão
E me impede a criação
De poucos e parcos versos!
Não quero que o desespero
Seja o amargo tempero
Do pouco amor que restou.
Da paixão escancarada
Torpemente esmagada
Pela marca que ficou!
Esta mordaça indigesta
Que todo meu ser empesta
Feito um vírus que corrói.
Impedindo o derrame
De palavras que eu conclame
E o silêncio destrói!
Como pintura que borra
Feito o sangue que jorra
É assim meu desafio.
De esquecer minha mágoa
Num crescendo que deságua
Neste caudaloso rio!
Não posso mais me calar
A urgência em expressar
O tudo que tenho – ou nada.
Há verdades que eu suponho
Que em versos eu exponho
Na poesia abortada!
Belíssima Interação de Mario.
Honra-me tê-lo aqui,Mestre,
engrandecendo a minha página.
Obrigada.
= Milla =
Não há de ser a mordaça
Que te imponha o destino
A razão de desatino,
Que o sentimento desfaça.
Vale mais o sentimento
Que faz na alma a morada
Do que seguir a estrada
Ferina do desalento.
Então, vem, fica comigo
Por toda essa vida afora
E ama-me sem demora,
Livra-te deste castigo.
Parabéns sempre, Milla,
por tão maravilhoso poema.
***Beijos, Mario***
(Mario Roberto Guimarães)