SEM RIMA 26.- ... azul ...
Cores... Azul... Céus... Mares...
Só as palavras
prenhes de ideologia, aliás,
podem desambiguizar o que desde a raiz
navega na pura ambiguidade,
como a cor... como a cor azul.
Porque da professora Zélia Borges,
guiada pelo escritor Guimarães Rosa,
aprendi (duvidosamente, mas aprendi)
que a cor azul pode encarnar-se
no azul asa-de-gralha
ou no azul espreitante que esmiúça
ou no azul céu destapado,
no azul água longe, água funda ou no bluo
e no blau e no belazul...
Para além do azulado, azul-do-mar,
azulego, azul-marinho, azulzinho, cardão,
céu-azul (e não azul-céu), cor dos fiordes...
Ainda haverá, o olho fino distinguirá
mais azuis... Sem dúvida: Mas que nome
lhes cairá mais próprio? Azul-sabela
ou azul-rosa ou azul-virgem ou talvez
azul-casal ou azul-livre...? Qual, meus?