SEM RIMA 19.- ... AMOR (c) ...
Não sei o que se será o AMOR:
A M O R !!!!
Invoco-o como se fosse um deus poderoso
e aparece-se-me, coitado, em menino
cego, tão feminino quanto cego:
ambiguamente mulher e rapaz vendado,
deus fraco, mas carnal...
deus nem deus, mas dominante...
Não posso resistir-me às seduções impossíveis
desse "desdeus" divinal, divinizado, potente
sobre todos os desejos e sob todas as volúpias...
Afinal, muito no fim das cousas desta vida,
percebo... enxergo que talvez A M O R
nem seja divino nem humano, mas expressão
da minha indigência radical...
Contudo, quem semeou
na minha carne e no cérebro tanto vazio
necessitado de se preencher até à infinidade do gozo?
Lá, nos céus...
Cá, nas terras e nos mares...
fez-se um silêncio infindo, como de meia hora...