Cálice 2006
Por Rodrigo Capella (*)
Acenaram-me da calçada,
era um cálice de vinho,
com lenço branco e úmido,
sorriso nas hastes,
pedia amor.
Sonhador, como sou, imaginei-me em seus braços.
beijando-lhe o rosto,
enroscando-me aos lados.
Apertando-lhe os lábios,
desejando-me pudor.
Ah! Que vontade de amar,
tocar e ser desejado.
Que vontade de ser amado,
de acordar e dividir o lençol,
de tomar café com meu cálice.
Ah! Acho que eu seria mais feliz,
seria um homem completo.
Sem perder a esperança,
eu aceno para o cálice,
e ele se vai.
Admiro-o com um simples olhar,
acho que acabei de me apaixonar.
(*) Rodrigo Capella é escritor, poeta e jornalista. Autor de vários livros, entre eles “Transroca, o navio proibido”, que será adaptado para o cinema pelo cineasta Ricardo Zimmer.