Sinamogro
Eis a progênie, o jamais criado,
A cria do vácuo antepassado,
Eis na matéria o fiel malogro.
Polímero da morte que é a vida,
Fez do adiante única saída
Do eterno presente: Sinamogro.
Sinamogro é lar de mudanças poucas,
Do grito anárquico em vozes roucas
E da homeostase carbonífera.
Não que falte o agente erosivo,
Mas da bomba o teor explosivo
Procede a válvula seminífera.
Terra de chapadas já sem escarpas,
Do estivar submerso em capas,
Do estiolar ainda que em tropismo.
É lei: Ao isocórico a vitória.
Do nascer só te cresces a memória
D’em fêmur ser menor que o abismo.
Biótopo de vergeis labirínticos.
Acúleos, espinhos: Ei-los íntimos,
Quais como túmulos antropoclastas.
É lástima unidirecional
Que ao esguiar d’uma fronte letal
Aproxima-te da qual não te afastas.
Berço dos que negam o vão divino
E cantam qual no tempo um novo hino
Sonatas rasas em acordes fundos.
Não fosse estagnado o tempo,
Imersariam odes de lamento
No mar que os separa d’outros mundos.
Em Sinamogro o fluido em rio
Finda em delta de estuário, por brio
De provar do vértice o valor.
Desta pífia fronteira puntiforme
Em bilateral fez-se o enorme
Siamês nutritivo ao bolor.
Pangeia de regências numerais.
Por que o porquê, Por quê? Porque mais
Causas diversificam conseqüências
Apenas quando estudos incertos
Sustentam chãos em sistemas sem tetos.
Ao Panthalassa as incoerências.
Eis o resumo do não estendido,
O onírico do enlouquecido,
A síntese do ideal comum.
Eis a junta em soberbo micélio
Dos que temem o tempo e o hélio
E a destreza acíclica do quantum.
Eis a progênie, o jamais criado,
A cria do vácuo antepassado,
Eis na matéria o fiel malogro.
Polímero da morte que é a vida,
Fez do adiante única saída
Do eterno presente: Sinamogro.