Nuvens em Concreto
Perto das nuvens pintadas no muro
No concreto secreto onde não venta
As nuvens não cedem ao escuro
Da noite que o dia ainda lamenta
Há quem nunca pare de cantar
Há nuvens que nunca param de andar
Não precipitam, não chove, e o ar
Se cansa ao céu e ao canto de lá
Não é água, muito menos algodão
São nuvens de cimento, de lamento,
Não caem só por força de solidão
Há de se ter todo o peso do lamento
Que os lamentos são jogados ao céus
Não à terra que dá o fruto da vida
O céu é que suporta os lamentos teus
E o muro de nuvens, suporta suas dívidas.