Alienados
Há de se temer a mente enlouquecida
Aquela que fura com os olhos
Os inocentes gestos de quem ama
Numa fúria insana e desmedida
Premeditando atos sem poupar os danos
Que irão acontecer à sua volta.
Ah, eu quero estar distante deste vandalismo
Se for possível habitar outro planeta
num sistema solar diferente
quando este sentimento desenfreado vier à tona
porque ele é demais humano
e pode arrastar junto de si
almas fracas, que cegas caminham ao seu lado.
Por isso, o temor a estes gestos
Que mesmo sem estar com eles pactuados
Afetam minimamente nossas vidas
E podem crescer, gradualmente,
Se deles não nos soltarmos
E é complicado esse desenlace
Fé é necessário, amar é fato
Mas o primordial, diria, é perdoar
E passar por esse jogo de tolos
Incólume. Ignorando e crendo
Que a justiça tarda, mas não falha.
Poesia publicada no livro Viver: um jogo perigoso, de Márcio Martelli, Editora In House (2009)