Dor Hilariante
Estou a vomitar,
Pois essa é a única maneira de com essa dor de cabeça amenizar,
Sinto minhas tripas e meu estômago se contorcerem,
Talvez eu só queira que o meu sofrimento percebessem.
Começo a gritar,
Com essa dor de cabeça que está a me atormentar,
Acho que os demônios que estão em mim querem sair,
Não suportam a minha dor e querem fugir.
Sinto como se facas fossem em meu cérebro enfiadas,
E elas vão estraçalhando meus miolos,
Vão destronando tudo só deixando o nada,
Sangrando os meus olhos,
Dos quais correm um sangue negro como lágrimas,
Lágrimas alcoólicas fruto de um passado ilusório
Que inundam meu coração em brasa,
Esfriando pela dor o que não gosto,
De repente eis que me torno um ser em desgraça,
Um fogo que se apaga deixando a fumaça do “não posso”.
Mas até a dor se abranda,
Some com a lembrança,
Não deixa rastro,
Apenas estilhaços,
Um sangue ralo, coagulado,
E o ser fica anestesiado, paralisado,
Sem futuro, ausente do presente, sem passado,
Pois tudo é descaso,
Uma dor morta,
Sem forma, sobra.
Tenho enfim tranqüilidade,
Calmaria, dela não sou digno,
Paz eterna, te tenho em vida,
As custas de intensas feridas.
Durmo pois, de cansaço,
Exaurido, acabado,
Sem escolha,
E de tão calmo pareço estar imerso em uma bolha,
Que por ser tão frágil,
A qualquer momento sinto vir à tona o firmamento,
Momento hilário, de loucura e sofrimento.
Itaci Silva Camelo