Farrapo humano
 


Réstia de luz fulgurava,
por entre porta entreaberta
luz vacilante alumiava,
a sombra humana grotesca.

Algures, chilro de insetos noturnos
sons de abafadas imprecações,
inconsoláveis soluços soturnos,
terríficas alucinações.

Saudosa mão consoladora,
ervas dos campos, perfumes,
sorrisos de serenidade.
tantas e tantas saudades...

Tremores e queixumes,
o nada, o vazio do nada,
juventude voluptuosa,
cambaleante na estrada.

Mentes torcidas pela vida,
dependentes, deformadas,
sonhos futuros combalidos,
riquezas para sempre perdidas...

O sol em raios cambiantes,
maré furtiva batendo nos parcéis
olhos ardentes, fulgurantes
perdidos, estupefatos, ao léu .

Num gesto quase impotente,
voz rascante, a taça em libação
astro rei desmaia no poente...

Corpo em farrapos, convulsão
fenece solitário o drogado,
exaurido, prostrado em solidão.