A Vítima
 
Quando encontrares
o teu mais terrível algoz,
não sejas uma vítima passiva.
Mesmo se ferido,
deixa intrigado o agressor
ver-te nos lábios um sorriso.
Se ferido mortalmente,
urra como o fazem
as feras quando feridas.
Faz do teu brado de morte
o fantasma que há de perseguir teu algoz.
Despreza a própria vida com destreza,
fazendo o oponente temer a morte,
Cria-lhe o mistério de suposta força
que emana de teu corpo fraquejante,
Aproxima seu espírito
e tenta conduzir-te
até a última gota de sangue,
sendo heróico
como só o sabem ser os santos.
Deixa tuas pegadas na terra,
mostra que a morte
pode levar-te o corpo,
mas nunca o teu ser.
Resiste, despertando a tua eternidade,
mostrando a face poderosa de tua alma,
pois que assim, mesmo morto,
ainda estarás vivo,
sendo como fantasma eloquente,
sendo como idéia inquietante.
Vinga-te, transformando-te
em ídolo de teu adversário,
escravizando-o ao medo,
sendo estátua viva na sua intimidade.
Deixando-o à sua própria sorte,
enquanto ganhas
para ti a sonhada liberdade.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/06/2009
Reeditado em 24/06/2009
Código do texto: T1660622
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