Dínamo...

(Dínamo de rompimento

sócio-emancipante)

Para o alto e avante:

é cada vez mais difícil amar

e encontrar voz para se expressar

num mundo de ventríloquos cibernéticos

esquizofrênicos do Reino de Deus.

Corcoveio em convulsões histéricas:

a metamorfose me corrói.

Halterofilismo da alma arrebenta minha calma;

as paredes sangram de paixão

e meus objetos de paixão

numa revoada telecinética me mordem

e curram meu pretenso celibato intelectual.

Nossas vidas na sétima edição

enchem-me de remorso,

mas logo meu sarcasmo corrói o mundo

de nossa ignorância hereditária.

Quem sabe manejar?

Quem sabe consertar?

Não sei comer biscoitos junto a lareiras frias,

presumo que nasci pra ser feliz.

(Ainda resta um amanhã, imbecil!)

Rasgue minha inapetência,

picote todo patético medo de errar

agora que somos um único organismo

na carcaça de uma sociedade pós-moderna

e tão dependente do tempo...

A tristeza de nossos corpos pálidos,

a monotonia da nossa conversa ensaiada,

o ridículo de sua bota aveludada

são o próprio extermínio dos sentidos.

(Em qual recôncavo do encéfalo

escondeu-se o amor?)

Então milhares de espelhos se quebram,

um scanner explode minha cabeça

e meus restos absurdos voam

rumo ao sol poente,

espatifam-se em sua vidraça

e lambuzam seu ciúme doentio.

Qual doença você prefere?

Aquela tão excitante não mais nos fascina –

pense num novo instrumento catalisador –;

um peixe sinuoso de barbatanas venenosas

bate em sua consciência,

mas você não quer ser penetrado(a)

antes de alcançar

a plena maturidade anal.

Quais os resquícios de nossos encontros?

Onde anda seu discernimento “neocristão”?

Oculto por seu raciocínio branco,

europeu, civilizado?

Tecnocrata narcisista de risada insana,

quem construiu esse tipo de orgulho?

Mas eu rio!

Só eu posso rir!

Eu rio até não poder mais (chorar)!

Eu não sou deste mundo

e dele nunca farei parte.

Criei meu universo

com o espasmo de meus versos.

Pululo qual serpente ensandecida,

gargalho, espalho as pastilhas,

finjo-me normal

e tomo a Bastilha.

Agora tenho um corpo,

tenho todos os corpos,

EU tenho toda a carne em minhas mãos!

E me escapa à lembrança

o instante do mais antigo parto,

o mais doloroso parto,

o mais remoto quarto de nossos terrores

esquálidos, frios e cambaleantes

de respeito filial.

Mililitros, miligramas, mil e uma noites

de trepadas fúteis e capitalistas

não tiraram minha revolta!

Cadê o meu brinquedo?

Dê-me a água santa de minha criação,

alise o lombo da criatura sorridente

que não necessita de uma piedade “elegível”.

Rompa esse cordão umbilical,

virtual, radical, sindical

e me encare bem dentro dos olhos.

Eu disse bem dentro!

Não na esclerótica, nem na retina,

mas na penicilina

de meu ímpeto animal,

a exaltar-se em meio à frivolidade

recém gerada por sua boca

contraída de alergias bairristas.

Dona Redonda prestes a explodir!!!

Não há facção que ouse encarar o absurdo;

continuemos então na empreitada!

Mijando no carpete da burguesia,

pervertendo o bundamolismo do proletariado,

talvez se pudéssemos juntar nossas forças

quem sabe seria então possível

tornar este espetáculo menos tedioso.

Quão imaturo posso ser?

Quem se importa?

Disseque-me em sua mesa de jantar

e examine as entranhas selvagens

da espécie exótica que um dia lhe julgará.

Bom dia, Polidez Encarnada!

O que diria a sua coragem,

se um dia o seu ridículo e o seu inconveniente

viessem a se tornar públicos?

Nada posso temer

agora que me descolo de minhas peles.

E aquela voz dizendo:

“Filia-te e serás meu genro...”

Pinga

Pinga

Pinga eternamente em sua testa

o seu próprio pecado sutil e afável.

Somente uma projeção extramaterial

de um novo anoitecer,

bombardeado e vermelho,

limparia sua vista para que você adentrasse

um novo paraíso fiscal

de outras frias manobras,

mas que agora rebaixam ao invés de elevar...

Algo então se derramará

sem face óbvia de esperança,

e todos seremos por um instante projetados

no vácuo teórico da frustração,

até o dia clarear lógico e palpável.

Enquanto isso eu... bem...

sei o que fazer com meus novos ingredientes

de autocozimento.

O que não posso então construir

e patentear,

tendo nosso passado como guia?

Sei exatamente por onde não devo andar,

e algo me diz que esse beijo que acabo de receber,

previsível e formal como o aperto de mão do seu pai,

tem um gosto tão familiar que até penso em...

FUGIR DESSE INFERNO

E ME TRANSFORMAR EM MIM MESMO,

DE UMA VEZ POR TODAS!

Há há há há há há há há!!!...