As grades da realidade

Enclausurado

No contexto do real,

Tendo o espaço limitado

Pela loucura do normal;

Envolto a uma película cenográfica

Onde as câmeras não conseguem registrar as atuações dramáticas.

Um olhar que cura,

Um gesto solidário

Vivem por trás dos bastidores,

Não fazem parte da política

Nem do cenário.

Á dores de falta,

Em cartazes nos semblantes pálidos,

Movidas á pernas cansadas,

Mãos deformadas,

Constituem um elenco

De coadjuvantes de um final trágico.

Um roteiro surreal, shakespeariano;

Um passado atual

Que muda de maquiagem

E reasombra ano após ano;

Uma arte de humor negro

Que nunca muda ou encontra o seu desfecho.

Ser ou não se? Eis a questão!

Viver não viver,

No maio desta confusão;

E a gora o que temer?

Eu tenho medo da “lei”,

Tenho medo do que é “bom”,

Tenho medo do dia após o outro,

Do próximo passo em falso,

Do trupicão.

Quero quebras às grades da realidade

E sair dessa coletiva ilusão,

Mas a corrente tem a força da maldade

E minha virtude é o meu caixão;

Nem todo o ouro pode pagar o perdão,

Minha loucura é meu caixão

E não quero flores para enfeitá-lo.

danms
Enviado por danms em 16/06/2009
Reeditado em 17/07/2009
Código do texto: T1651414