Risco de Vida
 
O suplício da alma
que não consegue ajustar-se.
A rebelião da alma
que se recusa 
a cumprir o cotidiano.
O transbordar de toda
a sua amargura,
alimentando a ironia,
gerando em seu limite
um cínico sorriso
cheio de sarcasmo.
Reconhecendo
toda a sua impotência
ante a força do dia-a-dia.
Tendo a noção
de seu isolamento
e de sua dolorida solidão.
Então, por não ter esperança
de nada modificar,
por sentir-se inútil,
por não querer alimentar
qualquer conflito,
por desejar harmonia,
a obtusa e inconsciente
decisão de destruir-se aos poucos,
já que lhe inibe a consciência
a tomada de um ato intempestivo.
Desafios no silêncio.
Seria falta de coragem
ou valentia guerreira?
Como poderia justificar
os auspícios da coragem
a fuga ao destino.
Tremendo conflito,
confrontam-se a razão
e os impulsos da emoção.
Por vezes são os inúmeros cigarros
que envenenam os pulmões.
Outras vezes,
os alcoólicos que surram
o estômago e o fígado.
Ainda outras, o excesso
dos riscos das velocidades indevidas.
Parte visível
de um processo mais sutil
que envolve o psiquismo.
São sentimentos paralisantes
que bloqueiam o pulsar cardíaco.
São pensamentos
cheios de temores
que acuam o cérebro.
É tola ação de risco,
é aquele que brinca
com o desprezo pela vida.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 10/06/2009
Código do texto: T1641861
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