CULTO LOUCO

Toca fogo na ponta da tora de erva de cheiro

e com o lábio morto e teso de fome de sumir daqui

suga o prazer de sentir crescer rugas de gozo

no sexo da cuca como fêmea no cio que chupa

com ânsia o pênis hirto e de porte do belo rapaz.

Mas profundo o bumbo imundo do mundo

retumba como bomba na onda de fumo

da roda verde do bando de gente virgem

e come como berne a grade férrea da mente

que ronda surda pelo beco negro do medo.

Severa treva cega de brilho de peso obeso

que funde brava a massa plúmbea

da vida vazia e sombria da tralha de povo oco

que dorme na cova e acorda na taba

da tribo que fica no fundo da trilha da busca.

Crava fundo e firme a faca de metal quente

no corpo magro e fraco do jovem doente

e rasga feroz e forte até a morte

como trapo sujo de cuspe de dente podre

a pele seca de sede de tudo que sangra.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 28/05/2009
Código do texto: T1618996
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