Sepulcros

Números, nomes

Na lembrança...

Janelas e portas,

E tantos caminhos...

Endereços, lugares,

E a esperança...

Da certeza

De não se estar sozinho.

Escolhas e opções...

Setas e placas de direção...

Veículos,passos: ação!

Respostas e mais questões...

Impossível subir ao céu,

Incapaz de voar sem asas...

O profundo abismo,

Inatingivél...

Nosso mais profundo:

uma cova rasa.

Silêncio absoluto.

Mais placas e nomes

E datas...

Nas casas de ninguém!

Tantos restos de trapos mudos...

Tantas vidas mortas...

Tantos brotos que do chão brota...

Por isso ali paz tem?

No silêncio...

Apenas cantam os passarinhos,

Chiam as folhas das árvores,

Que sustentam seus filhinhos...

Os cães da vizinhança

Latem...

O vento balança a persiana...

Criando listras de luz e sombra,

Sobre a bem arrumada cama...

E vê-se morros com tantas casas,

Com seus números guardando nomes...

Com suas janelas e portas

Que se abrem e fecham,

Por onde entram e saem...

Os que embora pareçam vivos,

São mortos andantes

Que nunca caem!

Das janelas avistam caminhos...

Mas nas portas eles começam

E terminam...

Avistar ou caminhar...

Muda ou não o destino.

São Paulo, 13 de Maio de 2009.

Shimada Coelho A Alma Nua
Enviado por Shimada Coelho A Alma Nua em 15/05/2009
Reeditado em 15/05/2009
Código do texto: T1594997
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