Nocturno

Noites taciturnas

Medo profundo e obscuro

Algia intensa

Solidão imensa

Nem mesmo a Lua me acompanha mais

Estou aprisionada nesse castelo

Olhos atônitos

A ermo, sigo por entre os corredores de braços, meu único

caminho,passagem obrigatória

Eles me seguram, me sufocam

Inutilmente tento me livrar

Enquanto isso, fitam-me os quadros à luz de velas

São rostos expressivos, paradoxo de horror e gargalhadas

Riem, riem muito da minha face de criança ingênua e apavorada

Debulho-me em lágrimas escarlates e cerro os olhos

Trêmula, desejo que esse pesadelo acabe

Mas as vozes permanecem

Poderia ser mais forte do que isso?

Quando ocorre o frêmito do desespero, o silêncio reina

O grito, na iminência de sair, queda na garganta

Estranho...

Não penso

Não me assusto

Nem me alegro

Fico impassível

Já não sei se é a paz, benevolente em sua essência, que veio me resgatar do desvario

Ou apenas uma premonição, de algo ainda mais nefasto que me aguarda no fim do corredor.

out 2005