Serpente!

A serpente serpenteia

Pelas eiras e beiras

Rasteja toda festeira

Da cabeça ao rabo

Contorce-se inteira

Nas tocas das malocas

Entra nas grutas escuras

Insinuante e astuta escuta

Prepara e arma o bote

Ai de quem se sacode

Engole o quanto pode

Vislumbra e escorrega

Sua língua a governa

Solta a gosma venenosa

Mais se contorce nas esfregas

Entrega-se ao instinto de fera

Indo fundo aos labirintos

De sua fome mais faminta

Que não pode ser extinta

Para vir caçar a sua presa

Sua sanha não engana

É medonha e esgana

Penetrante se assanha

Inoculante a soltar veneno

Destila, perfila e desfila

Sua febre peçonhenta

Tão bela e tão nojenta

Se picar ninguém agüenta

Ah! Ser... pente... Ser... penteia

Vai atrás da tua ceia

Fique longe da minha teia

E por favor, não me pentelha

Nem me morda a orelha

Que eu não sou da sua espécie

Nem venha e veja se me esquece

Eu te respeito e faço minhas preces

A ti com as vestes lá do éden

Como deusa liberta que não teme

Morder da maçã por Deus proibida

Para descobrir toda a sua essência

E desvendar os mistérios da ciência

A desafiar como musa do conhecimento

Soberana ninfa, diva e ninfeta do saber

Castigada e destinada a rastejar seu ser.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 10/05/2009
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