Ratos Sagrados

Tinha que ter um princípio

Pulei do precipício

Fui pro hospício

Sonhei com um cometa

Eu era uma borboleta

Uma borboleta num cometa

Um rato na sarjeta

Tinha que ter um começo

Eu nunca me esqueço

Um dia soei num lenço

Rezei um terço

Me vi morrendo

Mas me ressuscitei

Continuei

E nova vida tracei

Andei de bicicleta

Virei poeta

Na hora certa

Tracei outras metas

Muitas desonestas

E foi assim

Que morri antes do fim

E agora aqui

Sem saber pra onde ir

Sem saber quando dormir

Numa bonança

De uma criança

Que acaba de nascer

Cheio de novas esperanças

Espero minha vez

Em Tókio ou em Cansas

"Tinha que ter um meio

Quando bebi de outros seios

Outro meio

De ter ao menos

Um inicio e um meio"

Mas encosta sua cabeça

Seu rato sua sarjeta

Voa com o cometa

Que você sempre sonhou

E vai para um mundo

Onde ratos são sagrados

Guilherme Sodré
Enviado por Guilherme Sodré em 03/05/2009
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