Ratos Sagrados
Tinha que ter um princípio
Pulei do precipício
Fui pro hospício
Sonhei com um cometa
Eu era uma borboleta
Uma borboleta num cometa
Um rato na sarjeta
Tinha que ter um começo
Eu nunca me esqueço
Um dia soei num lenço
Rezei um terço
Me vi morrendo
Mas me ressuscitei
Continuei
E nova vida tracei
Andei de bicicleta
Virei poeta
Na hora certa
Tracei outras metas
Muitas desonestas
E foi assim
Que morri antes do fim
E agora aqui
Sem saber pra onde ir
Sem saber quando dormir
Numa bonança
De uma criança
Que acaba de nascer
Cheio de novas esperanças
Espero minha vez
Em Tókio ou em Cansas
"Tinha que ter um meio
Quando bebi de outros seios
Outro meio
De ter ao menos
Um inicio e um meio"
Mas encosta sua cabeça
Seu rato sua sarjeta
Voa com o cometa
Que você sempre sonhou
E vai para um mundo
Onde ratos são sagrados