Quem não sou?
Revigorado, novamente
cá estou.
Ainda na minha solitária,
porém bem acompanhada empreitada
Agora neste
ínfimo eterno momento,
estabeleço um novo percalço:
“Quem não sou?”
(como se já não bastasse
as tentativas malogradas
de fazer o oposto...)
Não estaria de todo errado
se simplesmente respondesse
que não sou, tudo aquilo que deixo de ser,
mas se assim o fizesse
desta forma tão simplória,
aí não seria eu...
Embora ainda resoluto
em desmistificar
quem poderia não ser,
vislumbro a todo momento possibilidades
de renunciar a este fado,
mas se assim o fizesse
desta forma tão medíocre,
aí não seria eu...
Outrora, talvez
quem sabe
possa conseguir
plagiar a mim mesmo.
A fim de abstrair
essas obscuras nuanças
de minha personalidade,
mas se assim o fizesse
desta forma tão análoga,
aí não seria eu...
O que me resta
nesta tão volúvel condição de
ser-não ser,
é que sempre estarei aqui.
Pois senão estivesse
desta forma,
aí definitivamente
não seria eu...