Saber viver

Sem tentar compreender

Sigo o caminho

Que me leva a uma estrada que devemos percorrer

No mais estranho destino

Na mais inconstante rota

Nota-se

Não é um caminho

E sim um desvio

Para a constante inconstância do tudo

Nada

Para fazer entender

Quando um cego vê

Se enxerga cega

A luz ofusca

E o tato manda

Tocar em tudo

Para sentir se é frio ou quente

Para não precisar crer

No que se esconde na neblina

Que sussurram ao seu ouvido

É frio

É quente

Salva agente

Neste caminho que nem sabemos.

Que?

Onde

Aonde

O que

Se não tem por que

Muito

Tudo

Não sei

O que vou dizer

Culto

Inculto

Deserto

Ao entardecer

A espera que se torne efeito

O direito do direito de se ter direito

O sonho de ter sonhos só em sono

Ter tempo para um tempo há quem quer seu tempo

Tanto

Pouco

Hesitante

Para resolver

Louco

Sádico

Impuro

Quem quer saber

Prático

Inseguro

Tenaz

Como vou saber

Os pássaros se refugiam ao final de uma estação,

Os carros partem para um refúgio ao chegar o verão

O dia se entrega à noite perde-se o clarão

Tudo vai.

Junto

Separado

Em busca

Para sobreviver

Perto

Longe

Chegando

Onde está você

Calado

Falando

Tentando

Corresponder-me

Saber viver.

Antonio C Almeida
Enviado por Antonio C Almeida em 28/04/2009
Código do texto: T1564553
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