Um simples nada
Ai! Quem me dera
Ser de teu sonho a quimera
Alguma coisa sutil
Qualquer coisa quem dera
Sou nada, algo assim vazio
Pedaço de vida quebrada
Como cais sem navio
Ai! Quem me dera
Ser um sonho de amor
Alguma espécie de flor
Que teu jardim acolhesse
Sou folha seca do inverno
Rastro apagado pelo vento
Voz que soa num lamento
Ai! Quem me dera
Ser a bela que passa
Que ri e acha graça
Senta no banco da praça
Esperando você passar
Sou o frio da chuva
A agonia da insônia
Caco de tudo que sobrou
Ai! Quem me dera
Ser o vento que sopra
Teu rosto em forma de beijo
Que brinca contigo na tarde
Na areia da praia que vejo
Sou as gotas que ninguém enxugou
O vendaval que passou
Que ninguém sentiu saudade
Ai! Quem me dera
Ser essa aí do poema
Que inspira o poeta e amena
As dores de amor dos andantes
Sou letra ímpar e sem par
Que derrama tristeza no ar
Que passa e ninguém vê
Ai! Quem me dera
Ser pelo menos a rua
Que teus passos recebe
Só pra poder te tocar
Sem pedir, sem reclamar
Sou o resto de água da chuva
Poça esquecida na estrada
Por onde ninguém vai passar.
Participação poética do poeta EURIPEDES RIBEIRO BARBOSA
Ai quem me dera
Ser o gênio da garrafa
Ser o senhor dos desejos
Ser o mago dos anseios
Quem me dera
Para não ouvir teus suspiros
Lamentos de desencanto
Poder enxugar teu pranto
Te abraçar
Quem me dera!