Desesperado
Desesperado, sentado a beira da sarjeta,
Desprovido de sentimentos,
Totalmente cético aos acontecimentos do cataclismo social,
Inerente a todas as baboseiras dispersadas no ar por bocas fétidas e podres desprovidas de dentes e cheias de aftas.
Aftas que ardem e doem insistentemente fazendo os olhos dos moribundos lacrimejarem incessantemente, deixando o gosto salgado da lágrima na boca,
Aquela mesma boca fétida e desdentada.
Oh! Sentimento de culpa trazido pela angustia,
Angustia de ver, mas não enxergar um palmo à frente do nariz.
Nariz esse, avantajado e desproporcional ao tamanho da face,
Dando-me vários nomes contra minha vontade, kilha, Napa, Tucano...
Face essa que é toda esburacada pela varíola e pelas acnes da puberdade,
Dando-me vários nomes contra a minha vontade, Areia mijada, maracujá, cratera...
Ah! Grito, mas não é de dor, nem de pavor!
É pelo amor, amor não correspondido,
Que ficou fundido no meu coração.
Eu disse fundido
Coração inchado e endurecido pela chaga do barbeiro
Barbeiro esse, que sonho todos os dias e que me entristeceu.
Pois não me devolveu o amor que já era meu.