Abstrato de Vidro
Um lugar onde o sol não chegue.
Um lugar onde não me vejam atrás da cortina.
E se tiver de correr os passos serão como nuvens falsas.
Falta algo no castelo de vidro, falta o vidro do castelo de mais algo.
Escadas... Pra que tantas se não subimos?
Buracos... Por que tantos se não nos jogamos?
Fio cortante que parte da tua face, começa o jogo com uma luz bem cega.
Qual é o nome desse lugar? Qual é o fim de todas as partidas?
Eles erraram o degrau, e ninguém segurou minha mão.
Eles sorriram sem olhar e mataram mais de um quarto.
Eles se escondem por aí, e dói tanto vê-los ainda de pé.
Traga todos os instrumentos, leve todas as emoções.
Traga todas as tintas e pálpebras, abra todas as solidões.
Qual nostalgia favorece? Qual sabor de lágrima mais apetece?
Uma revolução de milímetros, um holocausto sem saliva, um timbre sem gritaria.
A posição e o segredo das palmas pra se manter acima das nuvens.
Não falte, não vá tão alto, não olhe para baixo...
E aquela pequena sombra observa inocente, mas seus dentes já destruíram o mundo.
As manchas nas paredes, as luzes na tua face... Esse medo que eu procurava todo o tempo.
Os problemas esvoaçantes, as calúnias pausadas... Essa expressão de horror que me eleva ao cume da prosperidade.
Um copo vazio, tua alma dormindo lá dentro.
Não acorda, não mexe no copo... E todas as festas, todas as farras, todas as iguarias, todas as ladainhas, todas as opressões, todas as saias, todas as praças, todas as épocas, todas as garotas de calendário irão condensar-se em embriaguez planetária.
Para o bem do universo não é pecado... E tudo vai estar na próxima página.
Até o mais estranho saberá o caminho certo, mesmo o distante ficará muito perto.