Não seja otário...
Ela chegou e de nariz empinado disse:
“Cuida da tua vida amorosa
Que da minha eu cuido “
Diante de tamanha gratuita petulância...
Quase caio duro e chamo a ambulância
Mas sosseguei e dei para sorrir quieto...
Calado e reflexivo, porém mais esperto
Pensei: Logo para mim... ‘Que otária!’
Eu que sempre a ela me dediquei
Tanto nela investi e quantas vezes a defendi?
É só relerem dos meus melhores versos
Fui sempre amigo leal e companheiro
Emprestei o meu ombro para as lágrimas
Dei meu colo macio, cobertas e travesseiros
E em troca recebo agora essa cruel ofensa
Bem feito! Diz meu ego malandro consciente
Quem mandou ser assim tão transparente?
Da próxima... Seja mais prudente...
Seu narcisista idiota e inconseqüente!
Só mostre seu enfado e indiferença
Porque no fundo é o que a vaidade gosta
Quando você a despreza... Ela desperta
Se mostras carinho... Ela te esnoba!
Então?! Não dê mais bola e nem esmola
Pegue tua viola... Joga dentro da sacola
E rume mundo afora... Vá sim embora!
Vai atrás de quem contigo se importa
Porque para os sinceros poetas...
Todas as portas estão abertas!
Hildebrando Menezes
“A mais bela de todas as certezas é quando os fracos e desencorajados levantam suas cabeças e deixam de crer na força de seus opressores.” Bertolt Brecht