Mar Morto
Rebate nos cantos
O açoite do vento
Coberto pelos mantos
De suaves momentos
No sopro de encantos
Cessado os lamentos
Das dores e prantos
Choros e lágrimas
Soltam-se as algemas
Libertos dos dilemas
Salvos dos dramas
Acendem-se as chamas
Nos seios que clamam
Na voz de quem ama
Compõe-se um poema
Desnuda a sua alma
Mergulha no mar morto
Do lado direito do torto
Na fúria do maremoto
Nada mais os conforta
Chutam forte à porta
Desafiam a própria sorte
Enfrentando a fúria da morte
Engolem seco a saliva
Dobram céleres as esquinas
Ensaiam as suas cenas
Dão as nádegas à vacina
E ele beija à sua menina
E poetizam as suas sinas
Na bruma, numa pena, na pluma
Hildebrando Menezes