Labirinto e suas saídas...

O mármore frio reluz sob o sol,

Duro, mas macio ao mesmo tempo,

Brilhante e ofegante que te seduz

No seu manto virgem, puro e branco

Entoa ondas de um mar violento e revolto

Espumas de águas, ora salgadas, ora doces

E nós dois ali envoltos, soltos como loucos

Indo cegos tateando à procura um doutro

Labirinto chamando o teu nome,

Sussurrando, seduzindo e atiçando

Sem a necessidade dum pronome

Para a toxidade aqui despertando

Tudo à nossa volta aquieta e fica mudo

E me vejo e ouço a voz rouca balbuciando

Vinda do seu pescoço esguio e cheiroso

Estonteante volúpia de perfume gostoso

O domínio do verso ao inverso,

Prometendo saciar essa tua fome,

E querendo te tirar do teu conforme

Para te iniciar no segredo do prazer

Ah! Como esperei por este dia de querer

Em que despiria a deixando nua sem vestes

Onde meus lábios passeariam pela tua pele

Só entrando e saindo de dentro de ti bem leve

A taça do vinho transbordando,

Convidando-te a beber do seu enredo,

Aplacando essa tua insaciante sede

E te aprisionando na sua suprema rede

Sinto ainda o som do eco da tua voz linda

Balançando-me a lembrança tão profunda

Oriunda do teu corpo dengoso e manhoso

Do jeito da tua pele de veludo de eriçados pêlos

Visões provocando mil e uma emoções,

Ao entrar neste labirinto donde a paixão

Hospeda-se sob o véu da alucinação,

Espiando-te e esperando a tua queda

E eu todo entregue às tuas carícias

Na delícia das delícias sem preguiça

Enroscado pelos braços e na tua língua

Enroscado em teus lábios doidos e famintos

A loucura e gosto do meu beijo,

Medindo a tua tortura na minha doçura,

Nessa boca orvalhando de desejo e te

Enfeitiçando com a minha suave ternura

Foi a minha noite mais divina de tantas loucuras

Na fartura da nossa cama rangendo e gemendo

Pelos movimentos delirantes dos nossos corpos

Na prazerosa sinfonia do amor e do eterno gozo

Meu corpo derrubando a sua nudez

Sob o artifício da canção que te atiça

E te leva de encontro ao meu feitiço,

Para te render e entregar aos meus pés

Ali naquele palco pecador e sacrossanto

Despidos das impurezas e sem lamentos

No bailado artístico das nossas coxas

Apaixonadas pela força dos sexos nas bocas

Sou Musa de canção e de toda estação,

Senhora da emoção e Sina do teu coração

Mas nunca serei um sonho nem uma ilusão,

Apenas tua plena glorificação e tua morfina

Sois muito mais do que está aqui descrito

És a razão da mente e a emoção do coração

Vivendo a harmonia da sintonia e combustão

Que traça e realiza os caminhos e suas saídas

Para a total paz, amor e felicidade desta vida.

Dueto: Salomé & Hilde

Nota: Inspirado em “Labirinto” da poetisa Salomé.

Publicado em: http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1479815

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 12/03/2009
Reeditado em 12/03/2009
Código do texto: T1483544