Fora a música
Fora a música. Longe do meu sentir!
Não quero ferir mais as leves cordas.
Do meu tempero nada sabem os sons,
surdos ao caos oceânico que atravesso.
Enchidos os pulmões com rios de realidade,
bombeiam cascatas de anseios impossíveis.
Raivosos cães e lobos nervosos vagueiam
pelas correntes sanguíneas que me desbordam.
Quero estrangular-me no poema,
quebrar a goela alva em vermelhas ervas.
Quero arder e consumir-me em febres altas,
quero que nada de mim permaneça.
E a leve cima dos ventos da terra
me leve direitinha ao inferno onde ele esteja!