Maniqueísmo unilateral

Rouba-me a mente um devaneio perverso

Infiltra-se contaminando os versos

Tem algo de cruel e de opaco

Insulta-me a culpa e a sua falta

Enquanto o peito alaga e submerso

O coração não perdoa a alma incauta

O som que sai da boca é incontrolável

É um monstro de própria vida, indomável

Que fere em chagas os alheios corpos

Mas é um prazer inflado, é muito gosto

Um desejo infinito e inoxidável

Filtrado nos fantasmas do seu rosto

E as veias incham então gordos regaços

Que inundam de vermelho os olhos baços

E os dentes se expõem organizados

Perdôo a mim mesmo pelos pecados

Mas o perdão engasga em meu cachaço

E o choro não me vem de olhos fechados

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 06/03/2009
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