Mundo Dopado
Em meio ao ópio cotidiano
De ações fajutas, de postura fingida
Um tolo brincando de gente
É pura constituição demente
Desta amarga ferida
Que penetra dos ossos o tutano
Mas, de feitos e refeitos apressados
Busca-se um acomodar da alma
Um acalmar de fera cativa
Que se mostra passiva
A qualquer afago de imunda palma
De carinhos forçados
Um turbilhão lamurioso,
Uma sombra no espírito humano
O fervilhar da incompreensão
Leva ao refúgio da devassidão
O rei que passou a seu fulano
Tendo por lixo o outrora luxuoso
A subversão, o reto viver
Hoje é o torto do torto do torto
Agonia análoga a se recolher
A um lugar que façam te cozer
E que não se chega ser morto
Nem nada se pode dizer
Mundo, vida, dádiva inestimável
Que ganhamos sem ter comprado
Qualquer bilhete que seja
Mas a vitória sem dó te almeja
E para saber se você havia ganhado
Basta achar tudo isso lastimável