esquecer diariamente
Tem hora que a gente esquece
o nome da rua,
o nome da marca,
o nome da cor,
o dia em que se está.
Tem hora que o véu branco
encobre tudo literalmente e
cerimoniosamente
todas as informações,
todos os vestígios
e,todas as pegadas,
apaga todos os caminhos.
E tudo apagado
borrado ou ilegível
permanece na memória
permanece latente
dormindo incompleto e infinito.
E brinca de esconde-esconde
Nessa cegueira consciente
Existe um saber dormente,
sensações astrais e espirituais
a nos levar algum conhecimento,
ou reconhecimento.
Um cheiro,
Um risco,
Um som,
Um toque,
Ou simplesmente
até um esquecimento
Preciso esquecer de esquecer
Parar de brincar de gato-e-rato
comigo mesma
sempre correndo
atrás de pistas.
Atrás e por trás das palavras,
do ritual das semânticas fechadas
As oclusivas ocultas dos dialetos guturais
Preciso.
A bússola,
o aparelho de pressão e
o dardo
Eles se esquecem de errar.
De mostrar o infinito ou a imortalidade
A vida se esquece por entre as prateleiras
dos livros
Por entre a poeira
sub-reptícia de seus olhos.
A vida se esquece
por entre as imagens ilusórias
por onde desfila a realidade.