esquecer diariamente

Tem hora que a gente esquece

o nome da rua,

o nome da marca,

o nome da cor,

o dia em que se está.

Tem hora que o véu branco

encobre tudo literalmente e

cerimoniosamente

todas as informações,

todos os vestígios

e,todas as pegadas,

apaga todos os caminhos.

E tudo apagado

borrado ou ilegível

permanece na memória

permanece latente

dormindo incompleto e infinito.

E brinca de esconde-esconde

Nessa cegueira consciente

Existe um saber dormente,

sensações astrais e espirituais

a nos levar algum conhecimento,

ou reconhecimento.

Um cheiro,

Um risco,

Um som,

Um toque,

Ou simplesmente

até um esquecimento

Preciso esquecer de esquecer

Parar de brincar de gato-e-rato

comigo mesma

sempre correndo

atrás de pistas.

Atrás e por trás das palavras,

do ritual das semânticas fechadas

As oclusivas ocultas dos dialetos guturais

Preciso.

A bússola,

o aparelho de pressão e

o dardo

Eles se esquecem de errar.

De mostrar o infinito ou a imortalidade

A vida se esquece por entre as prateleiras

dos livros

Por entre a poeira

sub-reptícia de seus olhos.

A vida se esquece

por entre as imagens ilusórias

por onde desfila a realidade.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/02/2009
Código do texto: T1452406
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.