O Mesmo Fruto
Vivendo por aí...
Num vestido de pano branco
Com uma vela iluminando seu caminho,
Com o brilho da lua insistindo tocar sua pele.
Com homens de olhos negros perdidos nos becos escuros
Rezando que passe ali uma bela mulher.
Formosa, de sorriso potente e sedutor
Com a mesma fome que possui
De degustar uma nova carne.
Sentindo de perto a sujeira dos lixos
Comendo do mesmo fruto
E bebendo do mesmo sangue.
Servindo em pratos limpos uma criança mal amada,
Sem nome, sem vida e sem ar.
Agora chora por culpa da dor de matar uma alma
De manchar seu lindo vestido de sangue triste.
De pensar ali mesmo na morte de seus filhos,
De cantar junto com o vento as palavras de um negro sonho
Iludido pela vida trágica e infiel.
Se levanta do chão imundo, dizendo para aqueles homens
Um feliz adeus.
Segue sua antiga estrada amaldiçoada pelo destino
Queimada viva enquanto dormia, e dizia:
Deixe-me ir, Deus verme!
Deixe-me ir.