Essência

Minha vida reclama um corpo

Que corajosamente camuflo com minha dor

E se a dor me serve assim é porque a dominei

Consegui ir além da matéria existente

Da carne concreta que apodrece, fede, acaba

Indiferente de sentir vou acontecendo pelo ar

Se em teus versos me debrucei

É porque a dor me acompanhou e sorriu

Agora sou a tinta de sua caneta

É meu cheiro que exalas exausto de escrever

É meu corpo que manipulas em tuas noites de insônia

Teus versos nada mais são do que orgasmos múltiplos

Que chegamos através de suas rimas silenciosas

Penetro em tuas narinas te entorpecendo

Com o veneno que exala de minhas entranhas

Aquelas que você nem julga conhecer

Sou tuas linhas que você ainda vai escrever.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 16/02/2009
Código do texto: T1441787