LOUCURAS

Vou contar a história em forma de uma canção

Não se faz demência sem surpreender a razão

Quebrar paradigmas fazer uso da loucura

Fechem portas e janelas vou gritar pelado a rua.

Aristóteles pensou ética, retórica política e física

poesia, biologia, lógica e, até metafísica

Demonstrou que do cérebro muita coisa se exigia

Fez nascer da loucura a criança patologia.

Mostrando proeza demente Erasmo de Roterdã

Elogiou a beleza da louca sábia irmã

Crucificando a razão que pôs fogo as nações

Que do desnível dos homens morrem por suas ambições.

Lutero bradando falou _ A paz se possível... a verdade a todo custo!

Provocou a muitos homens que lhe abriram logo o túmulo

Não temeu nem recuou seguiu bem resoluto

Recebendo grande apoio deixou o mundo em tumulto.

Quantos “loucos” entre mim e Deus! Gritava o douto Rousseau

Convivendo com os homens não achou algum pudor

Disse "os frutos são de todos, mas a terra é de ninguém!"

Se a Razão pertence a todos a Loucura é que também.

Maquiavel brigou por liberdade... porém, sem expressão

Fingiu dar aula ao rei ensinando sua nação

Seguia na sua "anoia" buscando uma utopia

Não era bom e nem mal, escrevia o que queria.

“Ser ou não ser” questionava em agonia

O Hamlet de Shakespeare na razão se dividia

Para Hegel o ser só é, se for por meio de outro

Digo eu, o ser não é, se fazer-se de louco.

Schopenhauer pôs o mundo na Vontade e Representação

O tempo e espaço num pólo... noutro aspiração e paixão

Descartei todas as dúvidas do duvidoso René

Me cansa mostrar verdades a loucos como Tomé.

Nietzsche o sábio filósofo

Pareceu prudente e óbvio

Renasceu a Tragédia e a pôs em pergaminho

Padeceu louco a dizer: “acho que vi um gatinho”.

Grande Napoleão!, convocando uma missão

Levou muitos franceses a seguir sua ambição

Morreram a lutar na congelada Rússia

Exilado deixou sua pátria calada como viúva.

O resignado Hitler na sua louca razão

Com “Mein Kampf ” nua e crua ateou fogo a nação

Sonhando seu pesadelo encarnado por Fausto

Não há glória em seu nome só vergonha no seu rastro.

Um audacioso Freud descubridor de pulsões

Usou de um grego cego que era pai dos irmãos

Desvendou alguns segredos da inconsciente razão

Deu olhos a outros olhos pondo luz na escuridão.

Uma louca invensão trouxe ao mundo apreensão

Surgiu na vingança da América e lançada no Japão

A "sã ciência" segue louca, eu prefiro a regressão

Tem muito sábio por aí querendo apertar um botão.

Já dizia Salomão conhecimento demais é enfado

Viver pouco e questionar é como remoer do gado

Um grande mestre falava que um nat-louco não erraria o céu

Fez da fé um bom remédio e o tomou como mel.

A loucura de Deus é mais sábia que o homem

Canto! Não uivo a lua! Sou louco não lobisomem

No cantar do pássaro o sábio viu emoção

Minha loucura é poesia! minha razão é canção!

Jessé Nóbrega Cardoso.

Jessenc
Enviado por Jessenc em 13/02/2009
Reeditado em 19/09/2012
Código do texto: T1437154
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