Sem cura
Não quero sair do meu nada
Nem do absurdo quero me livrar
Quero o infinito da noite
Para minhas dores embalar
Se sou sozinha nesse túnel
É que escolhi meu destino
E agora bizarra e sem rumo
Vivo nessa maré a navegar
Sou o abstrato da poesia
Aquela que ninguém pode tocar
Não quero compaixão ou piedade
Quero música e corpos pelo ar
Vou conduzir meu enterro
No mais sombrio dos bosques
Quero folhas mortas caindo
O sussurro dos amantes perdidos
Não provei a boca amante
Nem fui contigo ao delírio
Nem sei o gosto do beijo
Dos teus braços nem guardo lembrança
Nunca estive em seus sonhos
Nunca fui vizinha da esperança
Não me mostre seu carinho
Nem me beije com ternura
Vou sair bem de mansinho
Antes que mostres minha cura.