A eterna hora
Nas aberturas dos dias que passam a frente
Tiro as entrelinhas de trovas, versos, sonetos
Aqueço-me com o que ninguém quer
Dou-me o não entender do poema paradoxo
Fico com o sem nexo do texto abundante
Carrego a incerteza contida na crônica do além
Quero a discórdia das letras atropeladas pelo sono
Preciso do alimento sonâmbulo da caneta que cai
Sorvo a tinta abstrata que caiu no papel
Tiro a tristeza do teu poema só para mim
Enveneno-me com o rascunho que jogas fora
Não preciso da beleza da aurora
Preciso do não saber, do não sentir
Preciso apagar esse amor que mora em mim.