Desabafo (de onça??)

As vezes parece tão claro tudo o que escrevo que me assusta, criatura assustada com a própria criação. Fico horas tentando colocar no papel meus sentimentos, pesadelos e sonhos. Algumas vezes invento um herói ou um bandido. Eu faço e crio personagens a todo instante. Não tenho esses amores que invento, ou me apaixono. A fase mais difícil é aquela em que invento paixões que nem vivi ou simplesmente experiências que não conheço. A vida tem seus argumento e teorias expostos por aí é só ir pegando aqui e ali e inventando estados, criando embaraços, pintando o “sete”. No caminho há muitas oportunidades, muita riqueza inexplorada e só vê quem quer ver. Vou colhendo esses “frutos” por onde passo e os coloco da maneira que eu quero. Quando faço uma homenagem, aí sim, sempre é verdade, aí não existem personagens e sim pessoas reais, sentimentos expostos e amor explícito. Coloco amor em tudo que faço, não inventei o amor. Simplesmente tenho sede de saber, de conhecer. Recebi um comentário que me deixou na hora um pouco triste, sobre meu texto “mundo me ensina a viver”, o caro “poeta” disse assim na bucha que eu “queria soltar a franga”. Minha primeira reação foi rir muito, depois vi a profundidade desse comentário e aí do riso fez-se a inquietude, foi tão grande que apaguei o comentário, fiquei triste com a falta de entendimento, de sensibilidade. Outra vez outro “poeta” nem se preocupou em comentar nada do texto, só disse que o meu texto não se encaixava naquela categoria e sim na “outra” e que ele era o “papa”, sabia o que estava falando. Regras????? Quem as criou??? Invento a minha. Escrevo sobre o amor, sobre liberdade, amizade, espanto, dúvida. Sou livre para escrever, em alguns momentos me exponho mesmo. Quem tem sensibilidade vê e percebe quando um poeta sente, quando ele escreveu chorando, quando ele passou por uma dor. Gosto de você, que entra, lê, as vezes sai sem comentar, as vezes comenta, pode deixar o recado que quiser, cabe a mim gostar ou não, apagar ou não, sem falsa modéstia só coloco aqui o que realmente gosto e acho bom. Experimento sentimentos alheios, me confundo com os personagens e entro no meio dos versos, gosto imensamente de comentar, ler, fazer amigos, em pouco tempo que estou aqui tenho certeza que fiz alguns bons amigos. Quando vejo estou me reinventando e fantasio, nunca sou vítima. Me entrego as letras assim como a um copo de água. Sou mais água do que gente. O mar me violentou a tal ponto que me apaixonei por ele, sou sua. A intensidade é tanta que as vezes explode em forma de frases e acaba numa folha de papel. Sou carrasco de mim mesma, me crucifico tantas vezes quantas quiser, me atiro de precipícios, provoco, busco, até acertar meu alvo: Eu.

Ana Maria de Moraes Carvalho
Enviado por Ana Maria de Moraes Carvalho em 27/01/2009
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