O GRITO

Edvard Munch, empreste-me seu rosto

Aos Caducos, aos herméticos, aos cansativos, fechem os ouvidos porque eu quero gritar

Renato Russo, salve-me, traga Salomão e Camões

Vamos pichar o muro das lamentações

Abra seus braços comigo, Renato

Enquanto todos dormem, todos dormem,

Vamos cantar o ‘Cântico dos Cânticos’

É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR

Édipo, não fure seus olhos ainda, ignore a hamartia, ignore o oráculo

Deite-se nos braços de sua mãe amada

É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR

ORA! Capuleto e Montéquio, não me irritem

Aproveitem o sono dos genitores e vão à farra

É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR

Minhas mãozinhas carinhosas e gentis lapidam o mármore frio

Ora! deixe disso, mãozinha

O amor não requer calos

Mire a Lua, é tempo de fartura!

Colha as vinhas de Novo amor

É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR

“ELA

Levantemo-nos cedo de manhã

Para ir às vinhas

Vejamos se florescem as vides,

Se se abre a flor, se já brotam as romeiras

Dar-te-ei ali o meu amor

ELE

Põe-me como selo sobre teu o coração

Como selo sobre o teu braço

Porque o amor é forte e forte como a morte ( )

As suas brasas são como brasas de fogo ( )

As muitas águas não poderiam apagar o amor,

Nem o rio afogá-lo

Ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor,

Seria de todo desprezado”

É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR

(não faça essa cara de horror, é só mais uma insônia)

Juliana Canezim
Enviado por Juliana Canezim em 21/01/2009
Reeditado em 23/01/2010
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