O GRITO
Edvard Munch, empreste-me seu rosto
Aos Caducos, aos herméticos, aos cansativos, fechem os ouvidos porque eu quero gritar
Renato Russo, salve-me, traga Salomão e Camões
Vamos pichar o muro das lamentações
Abra seus braços comigo, Renato
Enquanto todos dormem, todos dormem,
Vamos cantar o ‘Cântico dos Cânticos’
É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR
Édipo, não fure seus olhos ainda, ignore a hamartia, ignore o oráculo
Deite-se nos braços de sua mãe amada
É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR
ORA! Capuleto e Montéquio, não me irritem
Aproveitem o sono dos genitores e vão à farra
É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR
Minhas mãozinhas carinhosas e gentis lapidam o mármore frio
Ora! deixe disso, mãozinha
O amor não requer calos
Mire a Lua, é tempo de fartura!
Colha as vinhas de Novo amor
É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR
“ELA
Levantemo-nos cedo de manhã
Para ir às vinhas
Vejamos se florescem as vides,
Se se abre a flor, se já brotam as romeiras
Dar-te-ei ali o meu amor
ELE
Põe-me como selo sobre teu o coração
Como selo sobre o teu braço
Porque o amor é forte e forte como a morte ( )
As suas brasas são como brasas de fogo ( )
As muitas águas não poderiam apagar o amor,
Nem o rio afogá-lo
Ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor,
Seria de todo desprezado”
É só o AMOOOOOOOOOOOOOOOOOR, é o só o AMO O OR
(não faça essa cara de horror, é só mais uma insônia)