Partida ou Rompida?
Engraçado... Muito engraçado... Faz-me rir...
Meu peito se abre
Minhas entranhas querem saltar pra fora...
Querem me cerzir...
Para não permitir que nada escape...
Mas não é do corpo: é da alma que aflora!
Doloroso... Mas engraçado...
Sinto-me abrindo ao meio...
Sinto meus órgãos querendo sair...
Meu corpo aos poucos é despedaçado...
Da alma submerge meus gritos sem receio...
Pois é ela quem deseja partir!
Estufa e tenta rasgar a epiderme...
Contorciona... Manifesta... Grita!
O ventre cresce...Parturiente...
De dor de parto a alma geme...
A mente inquieta com o medo se irrita...
Medo de tornar-me inexistente!
É um paradoxo o ser e o existir...
Quem garante que eu realmente exista?
E se sou apenas uma idéia projetada?
E se apenas só depois eu realmente vou surgir?
Serei eu uma alucinação que teima... Que insista?
Ou uma criação coletiva inacabada?
De repente, foi-se o medo embora...
Pois de repente nem estou neste lugar, então...
De repente, estou no passado acreditando ser agora...
De repente ainda estou num ventre em contração...
São Paulo, 16 de Janeiro de 2009.